O Pentecostalismo e a unidade necessária

O clima belicoso entre os cristãos na internet não é algo novo. Frequento redes sociais desde o advento do Orkut, em 2004, e sei que os debates sempre estiveram presentes no ambiente virtual.

Porém, com o passar dos anos, o que antes era um ambiente saudável, onde muitos, como eu, viam nas discussões um instrumento de incentivo ao estudo teológico, se tornou uma verdadeira arena onde se despejam todos os tipos de ofensas possíveis sem que se meçam e palavras ou até mesmo as suas consequências. Já não se vê o discordante como um irmão. Isso é grave, pois, em última instância, se o debate entre os cristãos se torna uma guerra sem sangue, é melhor que ele não aconteça. Talvez, para muitos, a melhor solução seria voltar os olhos para suas igrejas locais e buscar alguma edificação própria e, só depois desse processo, voltar aos debates virtuais. Talvez assim, alcancem a maturidade necessária para conviver com o dissenso. 

Outra coisa que pude perceber ao longo desse tempo é que os temas disputados costumam vir em "ondas". Quando tudo começou, o foco das discussões era a disputa entre teístas x ateus, depois, passamos para a fase das "seitas e heresias", houve o intenso momento das demandas acerca das questões soteriológicas entre calvinistas x arminianos, e agora, em 2017, naturalmente ganhará força o debate entre protestantes x católicos.

Apesar disso, existem os debates incidentais. Alguns temas nunca saem totalmente de cena. O pentecostalismo é um deles. Nunca vi um período em que os pentecostais não fossem atacados de alguma forma: seja por que se confunde (por ignorância ou má-fé) pentecostalismo com neopentecostalismo; seja porque os pentecostais não são tão dedicados na divulgação das coisas boas que fazem, porque estão ocupados fazendo-as enquanto seus detratores dedicam suas vidas a divulgar as distorções do movimento.

Apesar disso, os pentecostais seguem firmes. Enquanto supostos teólogos estão fechados em seus gabinetes produzindo discórdia em tentativas rasteiras de proselitismo, o movimento segue como o maior do país porque está chegando onde ninguém chega, abraçando quem ninguém abraça. Temos muito a melhorar na propagação de nossa teologia, é verdade. Mas temos muito a ensinar sobre piedade e devoção, coisas que a academia não pode dar.

Que os pentecostais brasileiros busquem o conhecimento, nossa teologia precisa ser excelente e isso é urgente! Mas que acima de tudo, a chama não se apague. Que nossa convicção esteja pautada na Escritura e que não deixemos morrer a belíssima história que ajudamos a escrever neste país, história essa que alcançou muitos dos que hoje nos vituperam.

Que Deus abençoe os pentecostais e os cessacionistas deste país. Que possamos andar de mãos dadas, com respeito e em amor. Que possamos aprender uns com os outros a cada dia. Que possamos enfim, ser igreja.